Para quem está sempre antenado as novidades, neste post vou voltar ao passado, colocarei alguns trexos do conto de Érico Veríssimo: O Diário de Silvia.
E como vivemos em um mundo ilustrado, trarei a percepção da Frizon para este universo d aliteratura através da imagem.
Espero inspirar e instigar a leitura do mesmo, que é muito agradável.
O Diário de Silvia
Érico Verissimo
24 de setembro de 1941
Chove sem parar faz três dias.
Devagarinho, miudinho,
como para azucrinar os que gostam de sol, como eu.
Um céu baixo cor de ratão oprime a cidade.
E aqui estou, tristonha,
arrepiada de frio, como um passarinho molhado empoleirado num fio de telefone.
O vento hoje anda correndo e uivando como um desesperado por céus, ruas e descampados. Atrás de quem?
Talvez do tempo.
29 de setembro de 1941
Acabo de fazer uma importante descoberta.
No inferno o castigo não é o fogo eterno,
mas a eterna umidade, o que é muito mais terrível.
Neste quinto dia de chuva ininterrupta, sinto que cogumelos me brotam no cérebro. Um bolor esverdeado me forra a alma.
Sou um vegetal.
15 de outubro
31 de dezembro de 1937
Na noite em que Jango e eu contratamos casamento,
na hora em que os convidados começaram a chegar para a festa, senti de repente uma espécie de pânico.
E a meia-noite, quando no centro do estrado, no quintal, Floriano me abraçou,
me beijou os cabelos e o rosto, murmurando "Minha querida... minha querida...".tive a impressão de que subia às estrelas.
Floriano me amava, não havia a menor dúvida" o que eu devia ter feito naquele instante era agarrar-lhe o braço e gritar: "Eu te amo também" Vamos embora daqui, já, já"... antes que seja tarde demais.
Neste quarto ano de casados, onde estamos?
O que eu esperava e desejava
- isto é, que o convívio do tempo me fizesse amar Jango - não aconteceu.
"Um talho pode não doer muito na hora em que é produzido
mas deixa uma cicatriz que, bem ou mal, a gente carrega vida em fora...
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